No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre a relação entre a ansiedade e o risco de Alzheimer.
Tratar os sintomas de ansiedade com psicoterapia pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver demência na velhice, sugere um estudo publicado em dezembro na revista The Lancet. Os resultados ainda não são conclusivos, mas sugerem uma associação entre melhora de qualquer tipo de transtorno de ansiedade com uma menor chance de desenvolver Alzheimer e perdas cognitivas, que é quando o paciente não consegue mais fazer atividades básicas do seu dia a dia.
Já faz algum tempo que, com o crescimento dos casos de demência, pesquisadores vêm se debruçando sobre possíveis fatores de risco, inclusive buscando uma relação com as doenças mentais. No caso da depressão, essa associação já está bem estabelecida e agora o objetivo é entender os impactos da ansiedade neste quadro.
Os pesquisadores colheram informações de diversas bases do sistema de saúde britânico e cruzaram dados de quase 130 mil pacientes que passaram por serviços de psicoterapia e que tinham algum distúrbio de ansiedade. Foram avaliados apenas aqueles com mais de 65 anos, atendidos entre os anos de 2012 e 2019, e que não tinham diagnóstico inicial de demência. Ao fim do período, aqueles que apresentaram uma melhora nos quadros de ansiedade tiveram menos risco de desenvolver perda cognitiva.
Alguns fatores, como os biológicos e até o estilo de vida, poderiam explicar essa associação. A ansiedade tem uma carga de estresse e faz o organismo liberar cortisol, o que traz efeitos negativos no hipocampo, região do cérebro ligada à memória, dizem os especialistas.
Mas os próprios autores reconhecem que o estudo tem várias limitações e ainda não é possível estabelecer um elo causal entre os dois. Algumas informações não estavam disponíveis nas bases analisadas e podem enviesar os resultados, como nível de educação, risco genético, história familiar, patologias vasculares e uso de remédios psicotrópicos. Além disso, sabe-se que alguns transtornos comportamentais leves, que poderiam ser confundidos com sintomas de ansiedade, podem ser marcadores precoces de demência quando aparecem na faixa dos 50 anos.
Na dúvida, é preciso sempre tratar os transtornos de saúde mental. A ansiedade é menos diagnosticada e tratada do que a depressão e deve ser rastreada, prevenida e tratada, orientam os pesquisadores.