Sócio fundador, homem de frente e idealizador do Bangalô Estação Club, Santarossa conversou com o Guia Bento sobre o início do Bangalô (que completou 14 anos em 2020), atrações que marcaram época na casa, investimentos ´malucos´, paixão pela noite, boatos, pandemia e ainda deu dicas de novidades que o Bangalô está trazendo para 2021.
Confira a entrevista na íntegra:
Guia Bento: O Bangalô completou 14 anos em 2020. Conta pra gente o começo de tudo.
Leandro Santarossa: Eu sempre fui boêmio, gostava da noite, também fui motociclista e participava de vários encontros, sentia falta daqueles bares com happy hour, petiscos, musica ao vivo, e com aquele balcão de bar para sentar diante dele e ficar degustando um bom whisky noite adentro, sempre fui apaixonado por música, tecnologia e equipamentos de áudio e vídeo. Assim sendo, a ideia inicial foi criar um espaço para atender todas essas necessidades e desejos.
Assim eu e meu sócio Maurilio Giacomelli criamos em 2006 o Bangalô, na época ainda se podia fumar em ambientes fechados, o que também nos possibilitou fazermos um mezanino com exaustão no andar superior, para que as pessoas pudessem provar charutos sem ficarem constrangidas e ao mesmo tempo sentirem-se integrados ao ambiente.
G.B: E o nome qual era?
L.S: O primeiro nome do nosso estabelecimento foi Bangalô Music Bar. Tinha música ao vivo, Clube do Whisky, deck com vista para a cidade, varandas abertas na lateral e na parte da frente, já iniciamos a operar com o sistema de comanda eletrônica (pioneiros no Rio Grande do Sul), também com Wi-Fi disponível para os clientes. Os primeiros shows musicais foram de MPB acústicos, bandas de rock, pop rock e country. O visual e a marca traziam no logo a madeira, um chapéu de boêmio e um violão.
G.B: E o ponto sempre foi esse aqui?
L.S: Sim, sempre aqui na Herny Hugo Dreher. Não tinha ainda essa fama de corredor gastronômico ou point de entretenimento por aqui. Tinha o hotel, uns ou dois restaurantes e bares na rua. O Bangalô era todo aberto, só o espaço onde é a pista principal de hoje, era fechado.
G.B: Quando começou a mudar?
L.S: O Bangalô Music Bar teve uma boa aceitação inicial, mas depois de um tempo a gente viu que era inviável manter uma casa desse porte somente com essa proposta, por motivos culturais da região e por perceber que precisávamos evoluir, atendendo os anseios de nosso público.
“Na época o pagode estava em alta, mas a grande mudança foi mesmo com a fase do sertanejo universitário nas sextas feiras.”
Aos poucos a casa foi se transformando, deixamos de ser apenas um bar que abria todos os dias com shows acústicos, e fizemos noites específicas com shows e festas maiores, criando outros ambientes para refeições e passando a ser bar, restaurante, danceteria e casa de shows, com pista de dança, camarotes, palco e estrutura de som e iluminação melhores e maiores, seguindo sempre as tendências de cada época e nos adequando.
A quinta do pagode é um exemplo que funcionou bem. Na época o pagode estava em alta, mas a grande mudança foi mesmo com a fase do sertanejo universitário nas sextas feiras.
G.B: O Sertanejo Universitário chegou com tudo em Bento e na serra?
L.S: Eu percebi como estava vindo forte o Sertanejo Universitário no restante do país, aí foi uma aposta certeira, mas visionária. Nosso público ainda tinha muito preconceito com o sertanejo, poucas rádios tocavam ainda. Isso por volta de 2008. Apostamos no Sertanejo Universitário numa época que o pessoal ainda tinha vergonha de assumir que gostava. Demorou um pouco pra chegar aqui.
“Apostamos no Sertanejo Universitário numa época que o pessoal ainda tinha vergonha de assumir que gostava.”
Quando a gente começou não tinha nenhuma casa/balada na região que trabalhava com esse tipo de música. Nenhuma mesmo.
Eu comecei a pesquisar e percebi que alguns poucos grupos já estavam começando a curtir o Sertanejo em churrascos e jantares entre amigos, como gosto da música, principalmente ao vivo, e queria trazer esse estilo para o Bangalô, ficou difícil, pois os únicos que faziam este tipo de show eram os cantores famosos, como Victor e Léo, Fernando e Sorocaba, César Menotti e Fabiano, Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano, etc etc…que já estavam estourando no centro do país e que eram inviáveis de contrata-los pelo alto custo.
Então eu tive a ideia de criar uma Banda de Sertanejo Universitário, exclusiva do Bangalô, com músicos locais, a qual após formação e meses de ensaio, colocamos o nome de Banda Sextaneja.
G.B: Boêmio, Roqueiro, motociclista, pagodeiro e sertanejo?
L.S: Eu gosto da música ao vivo, aprendi a curtir todos os estilos, valorizo muito os músicos e principalmente o vocal, independentemente do estilo musical. Tenho bons ouvidos para isso, e sou muito crítico, seleciono cantores com boa voz e que sejam principalmente afinados, em relação ao som da casa, preciso ouvir todos os instrumentos, e principalmente o cantor.
“Se eu não fosse maluco por isso nem me metia nessa”.
Já como músico eu me arrisquei na bateria, fiz algumas aulas, mas não levei adiante. Música, tecnologia, entretenimento… Se eu não fosse maluco por isso nem me metia nessa. Hoje me orgulho de ter inúmeros amigos músicos, de todos os segmentos, grandes artistas, muitos deles famosos, outros não, e todos já se apresentaram no Bangalô.
Nosso público acabou entendendo que nós somos ecléticos, oferecemos o melhor do entretenimento seja em shows ou em festas, atendendo todos os gostos. . Sou chato (exigente) com o som e iluminação da casa, estou presente desde a passagem de som, pego no pé dos técnicos e dos músicos, investimos muito em equipamentos de ponta para oferecer sempre a melhor qualidade de som, imagem e iluminação para o nosso público.
G.B: Voltando ao sertanejo, quando virou febre…
L.S: Antes de virar febre eu já previ isso, por isso tentei trazer o sertanejo pro Bangalô. Mas não existia ninguém acessível que cantasse esse estilo, não tinha uma banda que tocasse só sertanejo, somente cantores que estavam estourando e fazendo shows enormes em outros lugares. Eu prezo muito pela música ao vivo e queria inaugurar nosso sertanejo com alguma banda. Tinha banda de baile que tocava alguma coisa aqui e ali entre seu repertório, mas só.
O jeito foi criar a banda “Sextaneja”. Procurei um bom vocalista, baixista, gaiteiro e assim fomos montando nossa própria banda, embora os músicos contratados terem por inúmeras vezes me perguntado se eu tinha certeza do que eu estava querendo, pois inicialmente eles não acreditavam no sucesso do sertanejo universitário como opção musical para uma casa noturna, mesmo assim eu continuei insistindo na minha ideia. Montei uma lista com ajuda de uns amigos com 30 ou 40 músicas preferidas deles e dei pra banda ensaiar.
Ensaiaram por uns 3 meses e estreamos a Sextaneja em janeiro de 2009. Foi um estouro, sucesso absoluto e o Sertanejo Universitário se tornou febre no Brasil inteiro pouco tempo depois. A a banda Sextaneja tocou durante quase 10 anos aqui no Bangalô, hoje existem milhares de bandas de sertanejo no Brasil.
G.B: Quinta do Pagode, Sextaneja e Eletronica no sábado?
L.S: Sim, seguindo nossa proposta de termos dias definidos e acompanhando as tendências, a música eletrônica começou a conquistar um grande espaço no cenário nacional, então começamos a criar festas eletrônicas aos sábados com DJs renomados, trazendo os maiores nomes da música eletrônica Nacional e alguns internacionais, também criamos diversas festas, Labels e fizemos parcerias com outros clubs realizando previews de festas já consagradas. Também mudamos nossas quintas feiras que passaram a ter estilos variados, sempre com shows ao vivo no ambiente do Bamboo Lounge e após DJs de open format no ambiente Pub da Maria Fumaça.
G.B: E o nome foi se alterando também.
L.S: Sim, em 2011 passou a se chamar Estação Bangalô, onde passamos por uma reforma alterando a fachada relembrando uma estação ferroviária, e implementamos dentro do Bangalô um projeto inédito, complexo e audacioso, que foi fazer uma réplica perfeita em escala 1/10 da Maria Fumaça de nossa cidade, fazendo com que ela percorresse dentro do bar sobre trilhos suspensos, transportando combos de bebidas até o cliente, entregando o pedido através das 08 estações de descarga instaladas e vários pontos do ambiente.
Foram muitos anos de testes e investimentos, recentemente reformulamos o projeto adicionando uma nova e sofisticada tecnologia e agora ficou perfeita e muito realística.
O nome atual (Bangalô Estação Club) só veio em 2016 com a explosão da música eletrônica. O logotipo também foi modernizado e é o que mantemos até hoje. Mas os outros estilos musicais sempre continuaram presentes, inclusive alguns shows com atrações de funk.
G.B: Qual a capacidade do Bangalô?
L.S: A lotação sempre flutuou por volta de 1.042 pessoas distribuídas entre os ambientes.
G.B: Quando você acha que o Bangalô se consolidou como referência?
L.S: Acho que foi com o decorrer do tempo e devido a vários fatores. Muita gente, de várias cidades passou a frequentar o Banga desde os nossos primeiros anos. Sempre trouxemos atrações de nível nacional e internacional.
Acho que nos tornamos referência em entretenimento ao longo dos nossos 14 anos de existência, onde nunca paramos de investir na qualidade, mesmo com inúmeras dificuldades inerentes a este ramo.
“muita gente passou a frequentar o Banga desde os nossos primeiros anos, sempre trouxemos atrações de nível nacional e internacional.”
Sempre fizemos reformas, trouxemos novidades, divulgamos muito, fomos criativos, nos mantivemos atualizados, seguimos as tendências, investimos em equipamentos de som e iluminação, nos preocupamos constantemente com a satisfação de nossos clientes oferecendo o melhor atendimento através de nossa equipe de colaboradores, que chamamos de “Família Bangalô”, tratando a todos frequentadores com muito respeito, fazendo com que eles se sintam em casa, e se divirtam com qualidade e segurança.
G.B: Algumas atrações famosas que te marcaram?
L.S: Vários me marcaram muito. Poderia citar centenas delas, como cantores Humberto Gessinger veio duas vezes com o seu projeto Pouca Vogal, Nene Malo da Argentina, Armandinho, Vitor Kley, Nenhum de Nós, Papas da Língua (Serginho Moah) , Cidadão Quem, Leoni, Os Fagundes (Neto Fagundes), a dupla sertaneja Yago & Santhiago, Supla, Dani Carlos, Charles Master (TNT). Humoristas como Guri de Uruguaiana, Cris Pereira, André Damasceno, Também trouxemos MCs e cantores de Funk Pop, como a Lexa, Pocahontas, Tati Zaqui, Mc Don Juan e outros.
“Do ranking top DJs do Brasil acho que só o Alok não foi contratado”.
DJs foram muitos, dos 10 ou 20 do ranking top DJs do Brasil acho que só o Alok não foi contratado. Cito alguns contratados: Vintage Culture, Chemical Surf, DubDogz, Sevenn, Liu, Cat Dealers, Gustavo Mota, Bruno Be, Manimal, Jesus Luz, André Sarate e muitos outros.
Mas dou destaque a uma atração internacional, a Dinamarquesa ASHIBAH , uma das artistas mais completas que conheci, ela possui um talento inigualável, uma excepcional Cantora, Dj e Produtora Musical, como pessoa ela conquista a todos com seu carisma, com uma voz incrível, possui músicas de sucesso no mundo inteiro, algumas em parceria com o Dj e produtor Vintage Culture.
Nunca que eu ia imaginar que ia ter proximidade com esses artistas e até fazer amizade, como tenho com vários. Eles percebem minha paixão pela música, que sou fã deles, e que o nosso público, embora pequeno, é diferenciado e respeitoso, comparado com outros locais em que eles se apresentam. Acho que isso tudo reflete no show porque eles se sentem acolhidos e criam uma relação com a casa.
G.B: E as obras? É comum ver o Bangalô em reformas.
L.S: Sim, é um negócio muito dinâmico. Eu sou muito ligado e acompanho o mercado e as tendências também. Isso tem que ser feito. A gente tem que acompanhar o gosto das pessoas, se antecipar e surpreender também. Falam que eu sou maluco, mas também se for muito normal não entra nisso.
As reformas de fachada ou as que mexem com a decoração as pessoas percebem. Mas algumas adequações são técnicas. O equipamento de som, iluminação, ventilação… Um novo isolamento acústico que está sendo feito agora, por exemplo, não dá pra ser visto e custou uma fortuna. Usamos essa pausa de pandemia pra trazer várias novidades também.
G.B: E esse investimento veio no meio de uma época complicada pro mercado de eventos. Como vocês atravessaram isso?
L.S: Felizmente sempre temos uma boa reputação, temos crédito, com isso estamos tentando nos manter e nos aprimorar. Ninguém esperava uma paralização tão longa; mas o nosso público pode esperar que tem surpresa boa, muita coisa nova. Não achei que ia durar tanto o lockdown ou as restrições. Achávamos que ia durar uns três meses no máximo. Aí fomos atrás de financiamento e aproveitamos pra tirar alguns projetos do papel. Ideia sempre tem.
“milhões de profissionais e suas famílias dependem de eventos, shows e casas noturnas no Brasil inteiro”.
Mantivemos todos os empregos aqui nessa pandemia, com ajuda do Governo Federal, mas agora acabou e não está sendo fácil, afinal como pode um negócio sobreviver estando fechado há 10 meses? Tem dezenas de pessoas que dependem diretamente do Bangalô. Assim como milhões de profissionais e suas famílias dependem economicamente de eventos, shows e casas noturnas no Brasil inteiro.
Acho que todas essas atividades merecem o seu retorno, já está mais do que na hora. Milhares de aglomerações nunca deixaram de acontecer ou de existir, todos os dias, seja em eventos clandestinos sem segurança alguma, ou em ônibus, praias, aviões, supermercados, bancos, lojas etc. Também devemos levar em conta que o nosso público frequentador pertence a uma faixa etária praticamente assintomática ao vírus chinês.
G.B: Sobre contratar atrações de sucesso. A conta fecha?
L.S: A gente também costuma achar alguns talentos prestes a estourar no mercado nacional. Senão fica inviável. Eu não sou vidente, mas tenho um pouco de experiência e uso o meu feeling para escolher muitas atrações. Gosto de pesquisar e chamar artistas que estão começando a se destacar, mas mesmo sendo um pouco mais acessíveis, como sempre os shows dificilmente se pagam.
Olha o exemplo da Cantora Lauana Prado: eu trouxe a banda inteira dela duas vezes antes dela estar no auge. Mas as pessoas não fazem ideia do custo duma atração mesmo nessa condição. Além do cachê tem passagens aéreas, tem camarim da equipe, alimentação, hospedagem, transporte…
“Te diria que 5% das pessoas tem a mínima noção do custo de cada atração que trouxemos”.
O show não deu lotação total. Te diria que 5% das pessoas tem a mínima noção do custo de cada atração que trouxemos. Se soubessem quanto difícil é trazer um artista não perderiam por nada a oportunidade de estarem presentes. Isso deixa a gente um pouco frustrado, mas eu insisto porque eu gosto e quero poder proporcionar isso para nosso público.
G.B: Tua relação com os artistas e os empresários deve ajudar também.
L.S: Sim. A gente recebe muito bem os artistas e com isso conquistamos uma reputação muito boa. A Lauana mesmo depois voltou e fez um acústico numa quinta-feira. A banda não “virou”, mas ela fez questão de voltar e fez um baita show pouco tempo depois ela explodiu nacionalmente.
A Barbara Labres também trouxemos muitas vezes, mesmo após ter atingido enorme sucesso . Vem muita oferta de empresários e produtores que eu fiz relação nesses anos todos também. Tem coisas especiais que só fazem pro Bangalô.
Um grande amigo e um dos que eu mais admiro é o Jair Kobe (Guri de Uruguaiana). Um dos caras mais completos que tem. Quem acompanhou sabe o que ele já fez aqui no Bangalô, cada loucura. Um talento absurdo.
G.B: E o hotel novo aqui ao lado (Dall’Onder Planalto que deve ser inaugurado em 2023)?
L.S: Esse só vem a agregar. Além deles também fazerem um isolamento acústico, tudo certinho e atrai público pro Bangalô também. Tem os turistas, gente que vem a negócios ou eventos e procuram uma opção de entretenimento de qualidade. E dá pra vir a pé, temos restaurantes com pratos e petiscos no espaço Bamboo Lounge além de shows e festas para quem quer espichar a noite, além de outras opções gastronômicas existentes nesta rua.
G.B: Teve a Essence ano passado. Conta um pouco sobre isso.
L.S: A Essence hoje é a nossa “menina dos olhos”, criada pelo Bangalô em janeiro de 2020. É a marca de uma festa onde as pessoas vivem uma experiência incrível, com o melhor da musica eletrônica, som elegante, muita gente bonita, e a cada edição uma nova cor e uma nova fragrância tomam conta do ambiente, além de trazer excelentes DJs sempre uma atração surpresa, e as mulheres ainda contam com o Make Up Lounge, um salão de beleza montado dentro da festa com 03 maquiadoras para efetuarem retoque de maquiagem gratuitamente durante a festa.
A ideia dessa marca é ter uma festa reconhecida e com personalidade própria que pode ser feita em outros lugares assim como recebemos outras Labels como a D-Leve, Maori, Carpe Vitta e Vellen Sexy Tour.
G.B: Nesses 14 anos de Bangalô teve mais razão ou mais emoção?
L.B: Olha, tem dos dois. Se o sujeito olhar só os números ele não entra num negócio desses. Se ele não ama música, se não gosta de agitação, de relacionamento, se não aguenta se sacrificar também não dá.
“Pra fazer o que a gente tá fazendo aqui tem que ser meio maluco. É sempre muito risco, muita aposta”.
Pra fazer o que a gente tá fazendo aqui tem que ser meio maluco. É sempre muito risco, muita aposta, sem a certeza do retorno investido. É um mercado ingrato que só sobrevive quem ama. Agora mesmo nessa reforma estamos fazendo uma loucura aqui, mas será gratificante após ver mais esse sonho realizado, poder proporcionar mais qualidade para o nosso público e também tornar nossa fachada mais bonita e mais condizente com nossa atividade. Todos ganham: a cidade, os turistas e todos que passeiam pera ver os estabelecimentos da Herny Hugo Dreher;
G.B: Tua presença aqui é certa então?
L.S: É raro eu não vir aqui. Vou te dizer que nesses 14 anos eu devo ter falhado 10 dias talvez, e por motivos muito especiais. Tem que ser muito persistente e gostar mais disso do que de qualquer coisa, se pensar em resultados financeiros, desiste logo.
Por mais que você tenha uma equipe boa, dificilmente a coisa funciona tão bem sem a experiência e visão mais ampla dos mentores. Eu bato o olho e já sei. E, claro, preciso trabalhar. O negócio precisa se pagar. Girar. A Pandemia não foi nada fácil e é com certeza a maior dificuldade já enfrentada por nós.
“A Pandemia não é nada fácil e está sendo a maior dificuldade já enfrentada por nós”.
G.B: Como concilia a vida pessoal com o Bangalô?
L.S: Tenho muita sorte de ter uma mulher fenomenal comigo, compreensiva e parceira. Na verdade, são dois casamentos, tem o meu sócio também que está comigo desde o princípio. É conseguir esse equilíbrio em todas as áreas. Sem o time que montamos também não dá pra levar. Tem gente trabalhando conosco aqui há 14 anos.
G.B: Muitas casas noturnas abrem e fecham na região. A que você atribui a longa vida do Bangalô?
L.S: É difícil opinar sobre o negócio dos outros…, mas tem que ter uma paixão muito grande, gostar de verdade. Pouca gente aguenta investir e não ver o resultado chegar rápido. Foi o que eu falei: se olhar só números o cara não entra. Você investe um monte numa atração e a casa não enche. Se o cara não tem muita persistência ele sai. Se eu for falar aqui, vamos ficar dois dias conversando, a gente aprende muito tomando porrada. A equipe tem um peso enorme também.
“A gente é uma marca consolidada e consegue recursos quando precisa. Investimos, acreditamos na visão e seguimos”.
Outra coisa é ter reputação, ter crédito. A gente é uma marca consolidada e consegue recursos quando precisa. Investimos, acreditamos na visão e seguimos. Pra mim também essas obras, essas mudanças sempre renovam o ânimo. É coisa planejada e estamos entusiasmados pra ver no que vai dar. É muito tempo e muito dinheiro investido nisso aqui tudo.
G.B: A tragédia de Santa Maria mudou o cenário completamente né?
L.S: Mudou muito. Nosso investimento aqui foi imediato, mas muita gente não aguentou. Muita gente fechou. Tem chuveiros sprinklers em toda a casa, dois hidrantes, um tanque subterrâneo com 52 mil litros de água, alarme de incêndio, saídas e iluminação de emergência. Precisamos gastar muito com isso tudo, até substituímos um enorme telhado de Capim Sabra Fé que tínhamos anteriormente.
G.B: E o que temos pra 2021? Adianta algo pra gente;
L.S: Esperamos que volte o quanto antes. Estimamos que em março a coisa normalize, vamos torcer. Temos investimento empenhado, temos pessoas e famílias que vivem do bangalô também; em dias que temos grandes festas ou atrações chegam a trabalhar aqui cerca de 80 pessoas simultaneamente. É bastante coisa.
A fachada vai ser renovada completamente, temos mudanças no palco, banheiros, na estrutura da pista, , na iluminação, equipamentos de som, atrações novas e muitas que serão surpresa durante as festas e shows mesmo.