Dietas malucas sem a orientação médica podem causar uma série de complicações para a saúde. Deixar de consumir grupos alimentares importantes, como as dietas que restringem os carboidratos, ficar longos períodos em jejum, ingerir basicamente líquidos, como sopas, shakes e vitaminas, são alguns exemplos de dietas prejudiciais.
Afinal, para conseguir uma perda de peso saudável e duradoura é importante investir em bons hábitos alimentares e exercícios. “Para a obtenção de um peso adequado não existe fórmula mágica, o ideal é uma dieta balanceada em nutrientes e adequada ao sexo, idade e estilo de vida. A atividade física também é essencial”, afirma a nutricionista Rita de Cássia Leite Novais, especializada em nutrição clínica.
Conversamos com especialistas e listamos oito sinais de que a dieta que a pessoa está fazendo é maluca e pode favorecer problemas que vão desde desmaios até diabetes e depressão.
Deixar de consumir um grupo de nutrientes
Dietas que excluem determinados grupos alimentares, como os carboidratos, proteínas ou lipídeos, são prejudiciais à saúde. “A alimentação deficiente pode resultar em problemas físicos e mentais. Dietas restritas ou milagrosas devem ser avaliadas por profissionais da saúde e exigem cuidados”, alerta a nutricionista Beatriz Botéquio. Por isso é importante fazer uma dieta que mantenha o equilíbrio dos grupos alimentares e nutrientes. O carboidrato é a principal fonte de energia para o organismo. “A dieta do Dr. Atkins ou da ‘proteína’, que consistem no consumo liberado de gorduras e proteínas e restrição de carboidratos, por exemplo, é deficiente em fibras, vitaminas e minerais e pode causar complicações como alterações cognitivas e aumento dos níveis do colesterol LDL”, conta Botéquio.
A falta dos carboidratos ainda pode proporcionar fadiga, cansaço e tonturas, e devido ao alto consumo de proteínas ocorre o aumento da concentração de homocisteína, composto químico que eleva o risco de problemas cardiovasculares. “Pode ocorrer ainda a queda de serotonina, levando a irritabilidade, ansiedade, dispersão e insônia. Com a falta dos carboidratos, o corpo tende a converter gordura em energia, acarretando a liberação de corpos cetônicos, que em altos níveis podem ser prejudiciais”, afirma a nutricionista Rita de Cássia Leite Novais, especializada em nutrição clínica. O excesso de proteínas ainda pode causar uma sobrecarga nos rins.
A falta de lipídeos também é prejudicial, pois além de serem fontes de energia eles possuem vitaminas A, relacionada ao sistema imunológico, vitamina D, que influencia consideravelmente no sistema imunológico e na diferenciação celular, vitamina E, que possui ação antioxidante, e vitamina K, que é fundamental para manter os ossos saudáveis e também atua no processo de coagulação sanguínea. “Os lipídeos ainda agem como hormônios esteroides e são componentes de membranas celulares. Um dos problemas do baixo consumo de gorduras é a queda nos níveis de testosterona”, conta a nutricionista Katherinne Gutierrez, do Grupo Nutricionistas Associadas.
É importante ressaltar que os lipídeos aos quais nos referimos são as gorduras monoinsaturadas, como o abacate e o azeite de oliva, e poli-insaturadas, como os peixes gordurosos e a semente de linhaça. A falta de proteínas na dieta também afeta a saúde, isto porque o nutriente é formado por aminoácidos que ajudam na construção e manutenção de órgãos e tecidos e ajudam na formação de enzimas e hormônios e na imunidade. “Alguns dos problemas causados pela deficiência de proteínas é o comprometimento do sistema imunológico e perda de massa muscular”, conta Gutierrez.
Longo período em jejum
Dietas que envolvem passar longos períodos em jejum são prejudiciais para o organismo. A orientação é comer de 3 em 3 horas, sendo que o período sem se alimentar não deve ultrapassar o máximo de 4 horas. “A partir disso o corpo começa a utilizar seus estoques de energia para sobreviver, o que prejudica seu funcionamento integral”, explica Botéquio. Os problemas que decorrem dos longos períodos em jejum são variados. “Algumas das complicações são perda de massa magra, músculos, aumento da produção de cortisol, confusão mental, mau hálito, sonolência, desmaios, anemia e a longo prazo o indivíduo pode chegar a desenvolver diabetes tipo 2”, alerta Gutierrez. Além de todos esses problemas, o jejum ainda pode causar o ganho de peso. Isto porque o longo tempo sem comer faz com que o corpo produza mais cortisol, hormônio que aumenta a deposição de gordura, especialmente na região abdominal.
Dietas líquidas
Dietas líquidas, como os shakes, sopas e sucos, são pobres em nutrientes levando o indivíduo a ter problemas de saúde. As fibras são uma das substâncias que ficam mais carentes neste cardápio, a falta dela desfavorece a formação do bolo fecal e desequilibra a flora intestinal. Este nutriente ainda é importante porque oferece a sensação de saciedade. “Os alimentos líquidos ainda não favorecem o processo de mastigação, que é importante para proporcionar a saciedade”, explica Botéquio. A mastigação informa ao cérebro que a pessoa está comendo, fazendo com que ele libere hormônios e substâncias que controlam a sensação de saciedade. As nutricionistas afirmam que as pessoas não ficam muito tempo fazendo dietas líquidas, por ser muito monótona. “Em algum momento, a pessoa sentirá falta de mastigar e consumir outros alimentos”, explica a nutricionista Roseli Rossi. Além disso, quando abandona uma dieta como essa, o risco da pessoa sofrer o efeito rebote e querer comer de tudo e em muita quantidade é grande – e isso reflete diretamente na balança. O baixo teor de calorias e nutrientes da sopa deixa o corpo fraco e sem energias. Isso vai gerar falta de energia, cansaço, dores de cabeça e degradação de massa muscular.
Perder peso muito rápido
A perda de peso muito rápida merece atenção especial. “Pode indicar que existe uma restrição calórica muito grande o que significa uma redução no consumo de alimentos que consequentemente leva a um menor equilíbrio no consumo de nutrientes e micronutrientes para a saúde”, explica Botéquio. Os especialistas afirmam que a perda de peso saudável varia de 0,5 kg a 1,5 kg por semana. Sendo que isto pode variar de acordo com o peso inicial, a idade, entre outras questões. “O corpo precisa de um tempo para se adaptar às mudanças de peso. Quando isso não acontece, o emagrecimento pode vir acompanhado de complicações físicas e psicológicas”, conta Novais.
A nutricionista Rita de Cássia Leite Novais lista os principais problemas que podem ocorrer em decorrência da perda de peso muito rápida:
- Alteração da libido: diminuição na produção de hormônios sexuais o que altera o interesse sexual.
- Anemia: dietas não equilibradas geram carência de vitamina B e ferro, o resultado pode ser um comprometimento cerebral, que leva até a dificuldade de andar.
- Baixa imunidade: aumentam as chances de gripe, infecções, viroses, verminoses e reações alérgicas.
- Flacidez: a pele não acompanha a redução de peso rápida e fica flácida. Além disso, a falta de nutrientes deixa as fibras de colágeno e a elastina desnutridas, impedindo a firmeza da pele.
- Queda de cabelos e unhas fracas: o que desencadeia esses problemas é uma dieta pobre em vitaminas, zinco e proteínas.
Poucas calorias
Dietas com grande restrição calórica não são eficazes para a perda de peso com saúde. “Uma das razões dela não ser interessante é que o indivíduo não se reeducou e ao parar com a dieta ele volta a ganhar o peso novamente, causando o efeito ‘sanfona'”, explica Novais. Além disso, quanto mais restritivo for o consumo de calorias, mais o organismo irá se proteger, ou seja, a queima calórica será mais lenta.
Efeito sanfona
Você consegue emagrecer com as dietas, mas depois recupera o peso antigo? Isto pode ser um sinal de que o seu método para emagrecer não é saudável. Este emagrece-engorda conhecido como o efeito sanfona ocorre quando há uma variação de 0,5 kg a 1 kg por semana. Também é parte desse fenômeno a pessoa que passou por oscilações de peso iguais ou maiores do que 4 kg em determinado período. O efeito sanfona pode causar diversos problemas para a saúde. Há o risco da piora do quadro de diabetes ou o aumento do risco de desenvolver a doença para quem não a tem. Também pode ocorrer o aumento da gordura do fígado e dos níveis do colesterol ruim, LDL, e do triglicérides.
Fórmulas malucas
O uso de fórmulas diferentes ou inibidores de apetite na dieta devem ser feitos com cuidado. Antes de ingerir qualquer um desses recursos é importante ter uma avaliação médica que observe os sintomas clínicos do paciente e, se preciso, solicite exames. “O uso de inibidores de apetite causa diversos efeitos colaterais sérios no organismo, sendo recomendado apenas em casos especiais”, alerta Novais. Alguns dos problemas que podem ocorrer em decorrência dos inibidores são insônia, sono superficial, irritabilidade, tremores, depressão e aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
Relação com o corpo
Você já alcançou o peso que desejava, mas ainda se enxerga acima do peso? Este problema com a autoimagem pode ocorrer justamente devido à mudança na alimentação sem a orientação correta, especialmente nos casos de dietas que envolvem a restrição de algum nutriente, como os carboidratos. Os carboidratos facilitam a absorção do triptofano, aminoácido precursor da serotonina, que é o hormônio responsável por baixar os níveis de estresse no corpo e proporcionar a sensação de bem-estar. “A ausência do carboidrato leva a uma sensação de falta de energia e disposição relevante que causam sintomas depressivos. Durante a depressão a pessoa tem percepções distorcidas e interpretações pessimistas, inclusive de si mesmo”, explica o nutrólogo e psiquiatra Hewdy Lobo, da Vida Mental Serviços Médicos. A retirada de proteínas também pode levar a problemas, pois a ação dos neurotransmissores depende de proteínas para serem formados e agirem. Assim, a retirada radical pode causar complicações como a alteração da tolerância, capacidade de se relacionar com pessoas e resolver problemas do dia a dia.
Fonte: MinhaVida / Foto: Reprodução Internet