Anualmente representantes da cadeia moveleira se encontram em Bento Gonçalves para a realização do Congresso da Movergs que nesta terça-feira se realiza pelo 29º ano consecutivo. São 400 diretores e executivos das indústrias moveleiras ansiosos por indicadores para saber rumos da economia e de para onde devam virar o leme de suas empresas. Sobretudo diante de um decréscimo de 16% na produção de móveis nos últimos cinco anos – e atingindo o fundo do poço e em 2016.
Segundo o diretor do Instituto de Estudos de Marketing Empresarial, IEMI, Marcelo Prado, que tradicionalmente apresenta dos dados do setor durante o evento, o crescimento da produção em número de peças fabricadas foi de 0,9% em 2018 e deverá ficar em torno de 1% em 2019, frustrando a expectativa do empresariado, culpa ainda da falta de confiança do mercado.
A indústria de móveis brasileira tem 18.960 unidades gerando 266 mil empregos e produzindo 436 milhões de peças. Depois da bonança do Minha Casa Minha Vida, que injetou entre 2009 e 2013 18 bilhões de reais no setor da construção civil e que adicionou 6 milhões de domicílios no país, beneficiando a cadeia moveleira. Depois de 2013 o setor enfrentou a crise e precisou se voltar ao mercado externo. Em 2018 as exportações cresceram 10,8%. Número positivo, porém ainda deixa o país como o 31º exportador de móveis enquanto é o sexto produtor em volume de peças. “Este é um péssimo desempenho quando se sabe que a cada três móveis produzidos no mundo, um é destinado ao mercado externo. Um negócio de U$166 bilhões”, alerta Prado.
A lição sempre trazida pelo diretor da IEME é que sofrerá menos quem se dedicar a produtos exclusivos, fazendo comparação com o mundo da música: “imitar é um caminho para o aprendizado, mas não remunera bem, Vejam que as grandes de compositoras e intérpretes cobram cachês elevados enquanto os músicos que as imitam, ganham bem menos”. E encerrou sua exposição indicando que o caminho da segmentação é o mais importante. Lembrou que além das exportações, outro segmento em franca expansão é o da e-commerce. Embora ainda represente para o mercado de móveis e colchões o faturamento de 3,3 bilhões de reais ante os 81 bilhões das lojas físicas.
Na abertura do Congresso o presidente da Movergs Rogério Francio demonstrou que realmente as expectativas para o segundo semestre são muitas, citando o avanço da agenda política . Citou a aprovação da reforma da Previdência como um bom indicador. “Mas ainda temos uma pauta extensa com temas que envolvem a redução da carga tributária, a desoneração da folha de pagamento, obras de infraestrutura e logística”
Frâncio ainda citou que nos últimos três anos o setor moveleiro foi afetado com margens de lucro reduzidas, ociosidade média de 35% nas linhas de produção.
Ainda assim deixou mensagem de ânimo lembrando que em 2018 a produção estadual de móveis fechou com 4,5% acima na comparação com o ano anterior. De janeiro a dezembro a exportação as indústrias gaúchas contribuíram com 28,7% do volume das exportações nacionais da ordem de US$ 687,5 milhões.
Fonte: Leouve / Foto: Divulgação / Adri Silva Agência de Conteúdo