Vida e Estilo

Por que as leguminosas podem ser a solução para muitos dos problemas do mundo

A humanidade enfrenta uma infinidade de ameaças existenciais, desde mudanças climáticas até desnutrição e o aumento do custo de vida. Seriam as leguminosas uma resposta para os problemas do mundo?

Elas são um elemento básico em quase todas as culturas ao redor do mundo, e não é à toa. Com cerca de 40 mil variedades, são altamente versáteis, nutritivas, baratas e boas para o meio ambiente.

As leguminosas são vegetais encontrados em diversos formatos e tamanhos, desde feijões frescos e ervilhas até sementes secas como lentilhas e grão de bico. Também são plurais em termos nutricionais. A ervilha e a vagem, por exemplo, são vegetais ricos em amido. Já o feijão e o grão-de-bico se diferenciam por seu alto teor de proteínas.

Em um mundo onde 2,5 bilhões de pessoas têm excesso de peso, são obesas ou subnutridas, as leguminosas não apenas são um substituto barato para produtos de origem animal, como também têm baixo teor de gordura, são ricos em nutrientes, além de proteínas, ferro, zinco e fibras. Além disso, contêm carboidratos indigeríveis que alimentam as bactérias do intestino grosso, o que os torna ótimos aliados para nosso intestino.

Todas as leguminosas têm uma mistura de aminoácidos essenciais, e, entre eles, a soja se destaca por ter as melhores proporções para a nossa saúde. Outros não têm o mesmo equilíbrio, mas, ao redor do mundo, são tradicionalmente combinados com outros alimentos, formando pratos nutricionalmente completos. Pense no brasileiríssimo arroz e feijão. Mas vai além: burritos de feijão, arroz com lentilha, grão-de-bico com cuscuz, dhal (lentilhas indianas) com chapatis (tipo de pão indiano) e muito mais.
Gases

Embora os feijões sejam conhecidos por sua influência, para dizer o mínimo, na liberação de gases, eles também podem fazer o oposto. As leguminosas desempenham um papel único e importante em ecossistemas cruciais como florestas, pastagens e áreas alagadas. Bactérias que vivem em suas raízes retiram nitrogênio da atmosfera e o armazenam no solo. Este processo, conhecido como fixação de nitrogênio, não só fornece nutrientes às árvores e outras plantas, como também atua como fertilizante natural na agricultura, reduzindo a necessidade de produtos sintéticos e diminuindo a poluição química.

Em um mundo em que as temperaturas são cada vez mais altas, as leguminosas são resistentes, capazes de crescer sob uma ampla variedade de climas. E mais: em média, requerem menos água para serem produzidos do que o arroz, o trigo ou produtos de origem animal. Visto que a procura global por água pode aumentar mais de 40% até 2030, isso é uma grande vantagem.

Às vezes, algumas leguminosas, principalmente a soja, são alvo de preocupação.
Pesquisadores suspeitavam que as isoflavonas encontradas na soja poderiam causar problemas de saúde ao imitar o hormônio estrogênio. Felizmente, estudos mais recentes não encontraram evidências disso.

Na verdade, pesquisas modernas indicam que a soja pode até reduzir o risco de câncer e ajudar a manter o coração saudável. Outra preocupação é que o cultivo da soja leve ao desmatamento em lugares como a Amazônia. Aqueles que a defendem, porém, passam a responsabilidade para outros. Eles ressaltam que quase 80% da soja produzida na região é utilizada para a alimentação do gado. Assim, dizem eles, se comêssemos menos carne, menos terra teria de ser usada na produção do grão, o que significaria menos pressão para converter florestas e vegetações naturais em terras agrícolas.

Como quase tudo na vida, as leguminosas não são perfeitas.
Às vezes elas causam desconforto, não só ambiental, mas também individual. Aqueles que não as consomem frequentemente podem precisar introduzi-las lentamente na dieta para se acostumarem com seu volume e alto teor de fibras. Quem sofre de doenças como a síndrome do intestino irritável pode ter sua condição agravada por algumas leguminosas, embora deixá-las de molho e cozinhá-las bem possa ajudar.

Os feijões vermelhos e o feijão cannellini (branco) têm altos níveis de lectina, uma proteína que os torna tóxicos, por isso definitivamente precisam ser cozidos adequadamente para evitar intoxicação alimentar se comprados secos ou crus. No geral, porém, embora não se possa esperar que as leguminosas resolvam todos os males do mundo, elas podem ajudar, dada a sua incrível abundância, valor nutricional, benefícios ambientais e as inúmeras formas deliciosas como podem ser consumidas.

Fonte: BBC News Brasil

Patricia Larentis

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