O preço do vinho varia e muitas vezes chega a ser assustador, a diferença de valores pode ser gritante, por exemplo, um Merlot pode custar R$25 ou R$600, mas como? A seguir vamos mencionar fator por fator, para que na hora da compra, diante de tantos preços, possamos lembrar sobre a história deste rótulo. E vale lembrar que há público para ambos. O vinho tem suas variações de mercado, assim como outros produtos e também depende do dólar, afinal diversos insumos são importados, trazendo surpresas no preço final.

Mas vamos lá, vamos entender cada tópico:

Economia do mercado: este é um dos principais fatores, já que existe no mundo todo uma grande instabilidade comercial, e isso afeta diretamente (mesmo que em outros países? Sim). Muitos insumos usados aqui no Brasil, são provenientes de diversos lugares, logo, o dólar influencia na compra deste insumo, então o produtor brasileiro sempre está na mão e na dependência da economia mundial, e temos que torcer para a crise de tal e tal país não piore, pois isso reflete e muito no valor final.

Tributação: os produtos que vão para a exportação sofrem uma taxação ainda maior, e isso varia de país para país, e de acordo para acordo. O maior exemplo que temos é o acordo Mercosul que libera a entrada de vinhos Argentinos e Chilenos aqui no Brasil com imposto baixíssimo ou zero. Ou seja, depende de onde vem este vinho e depende para onde vai nosso vinho brasileiro, e assim seguem os preços diversificados.

Quantidade de produção: alguns rótulos que possuem valor agregado do tipo, R200 ou mais, geralmente são produzidos em menor escala e eles são chamados de Premium, Nobre, Gran Reserva, Reserva Especial, Top da Vinícola e etc. Se a produção de garrafas é menor, o custo mesmo para produzir poucas garrafas é muito alto, então o vinho precisa tirar este custo, e claro pagar o esforço de todo o trabalho. Então cada vez que você se deparar com valores altos, lembre-se possivelmente este vinho é produzido em menor escala.

Qualidade da uva: sem dúvidas podemos imaginar (ou pelo menos deveria ser) que quanto mais alto o valor do vinho, maior a qualidade da uva, e com certeza o produtor separa a melhor uva colhida para a linha mais nobre, isso é bastante óbvio. Mas ao mesmo tempo, isso não significa que apenas aquele rotulo Super Nobre vai ser o melhor vinho da vinícola, pois daí depende do paladar de quem está apreciando. Por isso, sempre tenha em mente que a uva mais concentrada e estruturada vai para os vinhos mais nobres (mas linhas simples também podem ter uma parcela dessa uva nobre para enriquecer e melhorar o vinho final).

Matéria- prima: aqui entram diversos pontos, não só a uva é matéria-prima do vinho; temos a garrafa, o fechamento de tampa ou rolha, a vedação de cápsula, a rotulagem e, cada item mencionado, tem seu preço de acordo com a qualidade e nobreza do material usado. Fique de olho ao pegar uma garrafa na mão, aquele vinho de 20 reais com certeza tem uma garrafa mais simples e leve do que aquele que custa 200 reais, e sobre a vedação após a rolha, muitos produtores estão usando a cera para finalizar suas garrafas, o que dá charme, proteção e custa caro.

Cultura e tradição: vamos lembrar que estes dois fatores contam muito para o valor final do vinho, no caso de regiões Super tradicionais e mais antigas, no caso de Bordeaux e Borgonha na França, a própria Califórnia tem vinhos de altíssimos preços, o Douro em Portugal, o nosso Vale dos Vinhedos e assim por diante. Então a cultura e tradição de algumas famílias, tem um preço, e às vezes é cobrado a história que se entrega. O que de fato é justo, pois são décadas ou séculos de tradição. E devemos saber apreciar e respeitar isso. Muitos enófilos querem garimpar estes vinhos e estão dispostos a pagar pelo preço que pede.

Tecnologia: ela está para todos, mas tem um preço! Algumas vinícolas já estão bastante modernizadas, e os equipamentos custam muito, já que vários deles também vem de fora do país. Atualmente não é muito difícil fazer um grande vinho ou até mesmo um vinho parecido com os colegas Europeus, mas para isso há uma grande dependência do avanço da tecnologia e as técnicas aplicadas na produção e tudo isso tem um preço, e acaba sendo alto, devido a isso muitas vinícolas ainda estão no método antigo e utilizam menos tecnologia.

Terroir e sua D.O.: a mesma uva é plantada em diversas microrregiões, e resulta em diversos preços, isso pode acontecer através do terroir que se tem naquela região em especifico, um exemplo, a região que carrega a DO (Denominação de Origem) possui regras e deve seguir num protocolo de cuidados desde a escolha do terreno, cultivo da uva, até o engarrafamento, ou seja isso é trabalhoso e exige tempo. Logo, é cobrado o valor daquele terroir, daquele lugar. Nestes casos geralmente é usada a uva que mais se adapta naquela região, e isso limita muito o produtor.

Pragas e fatores naturais: as pragas e seus tratamentos também custam caro, e uma safra reduzida pela chuva ou granizo, ou qualquer outro distúrbio natural também pode refletir no valor final daquele ano.

Muito bem, agora que sabemos mais sobre alguns tópicos, na próxima vez que olharmos para a garrafa de 200 reais, vamos refletir mais sobre a história e está interminável linha de fatores.

Um Tim Tim aos bons vinhos!!!

Fonte: Leouve / Foto: Reprodução Internet