O ator Irrfan Khan, de 53 anos, estrela de Bollywood, morreu nesta quarta-feira (29). Ele estava internado em um hospital em Bombaim, na Índia. Conhecido por seus papéis em filmes como “As Aventuras de PI”, “Jurassic World” e “Quem quer ser um milionário?”, ele lutava há dois anos contra um tumor neuroendócrino raro. Irrfan deixou uma esposa e dois filhos.

“Irrfan lutou até o fim e sempre inspirou todos que se aproximavam dele”, afirmou seu agente em comunicado.

Nos últimos anos, Irrfan chegou a viajar para Londres para realizar tratamento contra a doença. Em Hollywood, o último filme do qual participou foi “Inferno”, com direção de Ron Howard, em 2016. Irrfan deixa esposa e dois filhos.

Nas redes sociais, vários atores e fãs lamentaram a morte de Irrfan Khan. O ator indiano Chiranjeevi Konidela disse estar “entristecido” pela morte do artista. “Um ator incrível que obteve reconhecimento global. Ele nunca pode ser substituído”, falou, em uma rede social. Já o diretor indiano Gautham Menon comentou que Irrfan “se foi, mas nunca será esquecido”.

Vida e carreira
Nascido em 1967, no estado indiano de Rajasthan, descobriu sua paixão pelo teatro e estudou na National School of Drama de Nova Délhi.Mas atuar em peças de Shakespeare ou Tchekhov não ajudou muito no início de sua carreira, nos anos 1980, em um cinema indiano que privilegiava sucessos de bilheteria com canções e danças.

Ele conseguiu um papel em “Salaam Bombay” (1988) de Mira Nair, mas viu seu papel ser reduzido a uma pequena aparição na edição. Ele chorou por horas, segundo contou à revista indiana Open: “Mudou algo em mim. Depois disso, eu estava pronto para qualquer coisa”.

Vieram então papeis na televisão e como coadjuvante em Bollywood. Os produtores o afastavam de qualquer papel principal, considerando seu físico atípico. Frustrado, chegou perto de desistir quando o cineasta britânico Asif Kapadia o convidou para “Um Guerreiro Solitário” (2001).

Muito elogiado, o filme fez com que Irrfan Khan fosse visto na Índia por uma nova geração de diretores ansiosos por explorar novos territórios. Sua formação clássica serviu para adaptações de “Macbeth” (“Maqbool”, 2003) e “Hamlet” (“Haider”, 2014).

Conquistou o coração do público com filmes mais leves, como “Piku” (2015), ao lado das estrelas de Bollywod Amitabh Bachchan e Deepika Padukone.

Paralelamente, deslanchava sua carreira internacional, atuando ao lado de Angelina Jolie no drama “O Preço da Coragem”, de Michael Winterbottom, apresentado em Cannes.

Em 2008, seu rosto ficou mundialmente conhecido graças ao filme “Quem Quer Ser um Milionário?” de Danny Boyle, que conquistou oito prêmios Oscar.

Irrfan Khan continuou sua carreira nos Estados Unidos, interpretando papéis em “O Espetacular Homem-Aranha” (2012), “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” (2015) e “Inferno” (2016).

O ator foi aclamado pela crítica por seus papéis em “As Aventuras de Pi” (2012), de Ang Lee, e na comédia romântica de Ritesh Batra “The Lunchbox” (2013). O público ocidental “aprecia a profundidade trazida a um personagem”, disse ele em 2015 à AFP.

Ainda assim, ele apreciava “o pouco formalismo e a importância dos relacionamentos pessoais em Bollywood”, porque “as coisas são muito compartimentadas em Hollywood e o sistema pode ser rígido”.

Pai de dois filhos, Irrfan Khan apareceu em centenas de filmes, ganhou vários prêmios e conquistou a admiração de seus colegas. Durante a promoção de “Inferno”, o ator americano Tom Hanks o chamou de “o cara mais legal desta sala”.

Sua vida tomou um rumo trágico em 2018 com o anúncio de seu câncer. Ele se afastou por um ano para se tratar em Londres, acompanhado por sua família, depois voltou a interpretar um pai solteiro em “Angrezi Medium” (2020).

Antes do filme ser lançado, retornou à Grã-Bretanha para tratamento. Em março, ele disse ao jornal Mumbai Mirror que desde o anúncio da doença “os momentos felizes são intensificados por causa da incerteza subjacente”. E acrescentou: “Choramos um pouco e rimos muito”.

Fonte: JC / Foto: Reprodução Internet