A atriz Ruth de Souza será velada a partir das 8h desta segunda-feira (29) no Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro. A cerimônia de despedida será fechada para os familiares até as 10h, quando o espaço será aberto ao público, até as 12h. O enterro será no Cemitério São João Batista, à tarde.

No Municipal, Ruth foi a primeira atriz negra a se apresentar em 8 de maio de 1945. Com a companhia Teatro Experimental do Negro, fundada por Abdias Nascimento e Agnaldo Camargo, atuou em “O Imperador Jones”, de Eugene O’Neil.

Ruth de Souza, de 98 anos, morreu neste domingo (28) após ficar internada por uma semana no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Ela deu entrada na unidade hospitalar para cuidar de uma pneumonia. A causa da morte não foi divulgada.

Com mais de 70 anos dedicados à dramaturgia, Ruth de Souza é ícone de várias gerações de atores. Ela foi também a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de cinema – no Festival de Veneza de 1954.

No domingo (28), a sobrinha-neta da atriz Midori de Souza revelou que a atriz tinha o desejo de ser velada no Theatro Municipal.

“Ela merece essa homenagem da família, e os fãs também merecem, né, dar esse adeus para ela, porque a gente sabe que tem muita gente que gosta dela (…) Minha tia foi uma pessoa muito importante para a família toda. Uma pessoa de muita garra, uma pessoa que sempre deu conselhos, presente demais na família. Era tipo a matriarca da família”.

Trajetória
Ruth de Souza Pinto nasceu em 12 de maio de 1921, no bairro do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Passou a infância com a família em Porto do Marinho (MG) e, após a morte do pai, voltou ao Rio com a mãe. Viveram em uma vila de lavadeiras e jardineiras em Copacabana.

Interessada em teatro, procurou e se uniu ao Teatro Experimental do Negro, grupo fundado por Abdias Nascimento e Agnaldo Camargo. Foi com o grupo que, em 8 de maio de 1945, atuou pela primeira vez no Theatro Municipal, que até então só tinha recebido atrizes brancas e ajudou a abrir as portas para artistas negras no Brasil. A peça encenada foi “O Imperador Jones”, de Eugene O’Neil.

A atriz Ruth de Souza, tema da mostra Pérola negra, em cartaz no CCBB de Brasília até 29 de agosto — Foto: Acervo Ruth de Souza/Acervo Pessoal A atriz Ruth de Souza, tema da mostra Pérola negra, em cartaz no CCBB de Brasília até 29 de agosto.

A atriz Ruth de Souza, tema da mostra Pérola negra, em cartaz no CCBB de Brasília até 29 de agosto.Na televisão, foi uma das pioneiras. Passou pela TV Tupi, pela Record, TV Excelsior e, em 1968, Ruth de Souza foi contratada pela Globo para atuar na novela “Passo dos ventos”, onde interpretou a mãe de santo Tuiá, uma mulher sábia cujos antepassados eram escravos, no Haiti.

Seu último trabalho foi na minissérie “Se eu fechar os olhos agora”, que foi ao ar este ano, na Globo. Na história recriada por Ricardo Linhares a partir do romance original de Edney Silvestre, ela viveu Madalena. Idosa e abandonada, a personagem era “adotada” pelos meninos Paulo Roberto (João Gabriel D’Aleluia) e Eduardo (Xande Valois) antes de ser assassinada de forma brutal e misteriosa.

Fonte: G1 / Foto: Reprodução Internet