Dia 4 de julho inaugurou em Caxias do Sul o Colavoro Sanvitto, espaço de coworking estrategicamente localizado em um casarão tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal bem no centro da cidade. Com a vocação de absorver demandas dos mais variados segmentos culturais e de mercado, o espaço colaborativo vai oferecer auditório, salas de reunião e multifuncionais, espaço para exposições, restaurante, estacionamento e jardim em um ambiente integrado à história de Caxias.

O Colavoro Sanvitto surge da ideia de garantir um destino proficiente ao prédio de significativo valor histórico construído de 1943 a 1946, na Avenida Júlio de Castilhos, entre as ruas Garibaldi e Visconde de Pelotas. “A iniciativa vai democratizar o acesso a um espaço que muitos gostariam de ter entrado antes”, resume o arquiteto Renato Solio, que orientou a família sobre as intervenções no patrimônio após o processo de tombamento, aprovado em 2015.

O único prédio residencial de Caxias planejado pelo arquiteto Vitorino Zani (1900-1960), que projetou a Igreja São Pelegrino, terá à disposição espaços colaborativos equipados com modernos sistemas de tecnologia, informação e segurança. No subsolo haverá um restaurante, e nos dois primeiros pavimentos, os espaços funcionais, além de área para eventos e exposições culturais. Tudo decorado de forma harmônica e receptiva. “Os ambientes rompem com a tradição dos coworkings que sugerem essa urgência dos dias atuais, esse nervosismo moderno onde tudo deve ser feito às pressas. Queremos oferecer aconchego e convivência em pleno centro da cidade”, ressalta Fernanda Sanvito Andreazza, sócia no empreendimento com as irmãs Gisele Sanvito Andreazza Corso e Graziela Sanvito Andreazza Ramos. A adequação do termo em inglês “working” para “lavoro” (trabalho, na tradução livre em italiano) reforça essa proposta e diferencial.

Os trabalhos de preparo do Colavoro Sanvitto iniciaram-se há um ano. Das primeiras análises até os detalhes finais surgiram espaços sanitizados, humanizados, adaptados e adequados para a oferta de boas condições às atividades propostas. A intenção é que o empreendimento possa vir a contribuir culturalmente com a cidade, tornando-se um espaço ativo, dinâmico, voltado a eventos, reuniões, exposições, oficinas e palestras, além de atividades técnicas e educativas.

Preservando a identidade
A recuperação e a reconstituição arquitetônica do casarão demandaram muita observação a fim de harmonizar a identidade visual original com atributos contemporâneos. O desafio exigiu de uma equipe de arquitetos comandada por Bernadete Corso Gazzi desde visita a “cemitérios de cerâmica” até estudos de materiais de substituição, luz e cor. “Há salas onde o piso é de marfim” exemplifica Bernadete, destacando que todas as intervenções feitas preservaram a “personalidade” do casarão. “A memória está mantida com respaldo nos preceitos científicos do restauro: reversibilidade, distinguibilidade e mínima intervenção”, observa a arquiteta. “É uma das residências mais representativas do conjunto arquitetônico e histórico que compõe a paisagem urbana ao longo da Avenida Júlio de Castilhos. Trata-se de uma obra única, de caráter artístico”, complementa Renato Solio.

Um pouco de história
Em 1943, após adquirir o terreno da família Chiaradia, o então empresário Guerino Sanvitto contratou a construção da casa junto ao arquiteto Vitorino Zani, um dos mais conceituados projetistas de prédios sacros do Estado. Assim que concluída, em 1946, a residência passou a ser habitada pela família, formada ainda pela esposa Therezinha Pauletti Sanvitto e pelos filhos Lorita, Willy, Luis Carlos. A filha mais nova, Lorena, faleceu antes de a casa ficar pronta. A partir de 1989, após a morte de Therezinha – oito anos depois da morte de Guerino -, a casa seguiu como residência de Willy e também como consultório médico de Ely Andreazza, desde 1960. Luiz Carlos também teve seu consultório ali, antes de mudar-se definitivamente para São Paulo. O local abrigou também escritórios de advocacia e até comércio, no térreo. Os andares superiores, porém, sempre foram preservados como moradia.

Fonte: Dinâmica Comunicação / Fotos: Luciana Corso Galiotto / Divulgação