É seguro comer batata que está com broto aparecendo?

Às vezes brotos podem brotar na batata guardada. Qual o motivo de isso acontecer? E quando isso acontece é seguro comer o alimento?

O segredo de uma boa alimentação não está em apenas comer frutas e legumes, mas sim em fazer uma dieta equilibrada com todos os alimentos em quantidades certas.

Isso porque o nosso corpo precisa de um pouco de cada alimento para que tenhamos uma vida saudável.

E mesmo que as pessoas tentem seguir essa recomendação, elas podem se deparar com algo indesejado, como por exemplo, um broto na batata.

É normal que legumes, folhas e frutas acabem sobrando e envelhecendo na geladeira. No entanto, enquanto alguns alimentos têm uma mudança drástica na sua aparência e mostram que não estão bons para serem consumidos, outros geram dúvidas.

Esse é o caso da batata. Se ela ficar esquecida por dias, o tubérculo pode começar a ter alguns brotos bem fininhos, que por mais que pareçam inofensivos, na realidade, não são.

Brotos na batata

Esses brotos são um indicativo de que a batata está usando seus nutrientes armazenados para fazer crescer uma nova planta. E junto com o broto também podem aparecer manchas esverdeadas.

Tudo isso mostra que a batata está com uma quantidade de glicoalcaloides aumentada, sendo mais específico, mais solanina, que é um composto químico que deixa o alimento com um sabor amargo e pode até ser tóxico se ele for ingerido em grandes quantidades.

“A retirada do broto pode até eliminar a maior parte dessa substância, mas é importante salientar que toda a batata pode estar impregnada, principalmente se, além do broto, ela estiver esverdeada”, explicou Vinicius Sampaio, nutricionista assistente no Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), vinculado à Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Muitas pessoas podem pensar que cozinhar o alimento pode resolver esse problema, mas a realidade é que nem isso adianta. Por conta disso que o melhor a ser feito é descartar o alimento.

Segundo Sampaio, um dos efeitos que a solanina causa é impedir o controle dos níveis de um neurotransmissor chamado acetilcolina. “A solanina pode provocar acúmulo desse neurotransmissor, causando diminuição da frequência cardíaca e dos movimentos intestinais, provocando dor de cabeça, náuseas e vômitos, arritmias e sonolência —efeitos de intoxicação pelo consumo de um alimento inapropriado”, disse ele.

“A variedade e a intensidade desses sintomas vão depender do organismo de cada indivíduo, da quantidade de substância tóxica ingerida em um único momento ou de forma contínua e o grau de intoxicação desenvolvida”, continuou o nutricionista.

“Felizmente, é raro que o consumo leve a casos graves ou fatais, porque a concentração precisaria ser muito alta —ou um consumo muito grande do alimento”, complementou Cynara Oliveira, nutricionista e supervisora de Nutrição do Hospital Santa Lúcia, de Brasília.

“Quando a batata está nesse estado, ela fica com um gosto muito ruim e é fácil notar a alteração pelo paladar e pela sensação de queimação forte que a ingestão causa na garganta. Então não é comum que qualquer pessoa consiga consumir muito”, ressaltou ela.

Evitando os brotos

Para que os brotos e essas substâncias tóxicas não se acumulem nas batatas é importante que elas sejam consumidas em alguns dias, além de serem armazenadas de forma adequada.

“O ideal é colocar num local sem umidade e sem luz. Não é necessário colocar na geladeira, porque esse local não é seco. O melhor é algo como uma fruteira. Outra dica é embalar dentro de um saco de papel de forma que a batata consiga ‘respirar’, ou cobrir com um pano, para minimizar a passagem da luz”, explicou Pereira.

Sampaio complementa falando que a temperatura ambiente mantém o metabolismo ativo e no seu curso normal, enquanto que as altas temperaturas podem acabar o acelerando e fazendo com que essas substâncias indesejadas se formem.

“Também é recomendável selecionar bem as batatas, sem manchas verdes, sem brotos e sem danos na estrutura física”, concluiu o nutricionista.

Fonte: VivaBem